sexta-feira, 27 de junho de 2014

Bachianas poéticas BWV Anh. I 11 - I 19



 
BWV Anh. I 11 [7]
Es lebet der König, der Vate rim Lande


Eis que vive o Rei, o Pai na terra,
Ele é o Pai dos tantos filhos seus.
Quem o tem por rei, este não erra,
Quem o quer por pai, o tem por Deus.
Nasceu p’ra banir, do mundo, a guerra,
Num reinado eterno só de paz.
Ó mundo! Acolhei o soberano,
O Deus poderoso, o Deus sagaz!
Percebei que Deus se fez humano!


Santa Terezinha, Casa da Neca, 03 de março de 2012.
 



BWV Anh. I 12 [28]
Frohes Volk, vergnügte Sachsen


Ah, povo feliz! Saxões contentes!
Sim! Um gênio santo aqui viveu,
A ele deu Deus, mui veramente,
Escrever, no mundo, o que era Seu.
Ah! Como seria pobre o mundo
Sem o fervilhar de sons, fecundo!
Ah! Que escuridão para os ouvidos!
Os séculos, mortos, vãos, perdidos...
Bach também foi Deus! Ou me confundo?


Montevideo, Mercado del Puerto, 
Cabaña Verónica, 15 de fevereiro de 2012.
 



BWV Anh. I 13 [33]
Willkommen! Ihr herrschenden Götter der Erden


Oh! Sede benvindos soberanos,
Deuses soberanos desta terra!
Vinde e nos livrai de erros e enganos,
Livrai-nos do mal, da dor, da guerra.
Deuses da bondade e compaixão,
Cativai as almas deste mundo!
Que o i’migo torne-se um irmão,
Que o ódio vil vire amor profundo.
Vinde, soberanos deste mundo!


Santa Terezinha, casa da Neca, 03 de março de 2012.
 



BWV Anh. I 14 [31]
Sein Segen fließt daher wie ein Strom


Sua bênção flui qual u’a fonte;
Sim, com novas graças sobre mim!
E, por mais que as meça, veja ou conte,
Eu não as abarco: são sem fim.
Se estou desatento Ele me guarda,
No escuro, clareia a luz marfim,
Ah! Ele erradica a dor bastarda
E em meu triste peito põe bonança,
Pois me faz lembrar que há sempre esperança.


Montevideo, Plaza de la Constituición (Matriz),
15 de fevereiro de 2012.
 



BWV Anh. I 15 [25]
Siehe der Hüter Israel


Vede! O Guardião de Israel,
O Deus-forte, Todo-Poderoso!
É Ele quem guarda o bom fiel,
E ao ímpio atribui um fim danoso.
Não! O ímpio é quem se castiga
Quando de Deus foge, iracundo.
A graça de Deus é mais amiga;
Pois o amor de Deus é mais fecundo:
E Israel é todo o grande mundo!


Santa Terezinha, casa da Neca, 03 de março de 2012.
 



BWV Anh. I 16 [22]
Schließt die Gruft! Ihr Trauerglocken!


Ó! Fechai a tumba, sinos tristes!
Que a lápide seja bem selada!
Os vivos e os mortos vós bem vistes
Ao dobrardes cada badalada.
No sepulcro estão os que estão vivos
E os mortos conversam, maus, lascivos.
Ai! Os mortos-vivos não são nada!
A morte os não faz mais reflexivos,
Mas os dobres são por um e cada...


Santa Terezinha, casa da Neca, 03 de março de 2012.
 



BWV Anh. I 17 [33]
Mein Gott, nimm die gerechte Seele


Ó meu Deus, aceita a alma reta,
Que não se afastou do Teu caminho;
Tu és seu propósito e sua meta,
És sua salvação no torvelinho.
Quem a Ti buscou, viveu em paz
Ainda que em meio a mil tormentas;
Para quem Te ama tanto faz
O bem ou o mal, pois o sustentas.
Ó homens! Ficai de almas atentas!


Montevideo, Laperez B&B, 15 de fevereiro de 2012.
 



BWV Anh. I 18 [31]
Froher Tag, verlangte Stunden


Ó dia feliz, horas queridas!
Ah! Lá fora canta a doce chuva,
Lava as almas, cura as mil feridas
Que mil almas vestem como luva.
Um cheiro de sombra sobe ao céu;
Brilha junto ao sol: casa a viúva!
E até mesmo o povo morto, incréu,
Festeja as benesses deste dia,
Em que Deus desceu com galhardia!


São Paulo, 20 de novembro de 2011.
 



BWV Anh. I 19 [25]
Thomana saß annoch betrübt


São Tomé sentou-se assim bem triste
Depois de tocar a santa chaga.
Uma culpa amarga nele insiste
Que nem, de Jesus, o amor, apaga.
Ah! Tivesse logo acreditado
Que da morte Ele regressara...
Oh! Mas duvidar era o seu fado!
Embora Sua volta fosse clara,
Não pudera crer, e duvidara...


Santa Terezinha, casa da Neca, 03 de março de 2012.


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