domingo, 22 de junho de 2014

Bachianas poéticas BWV 21-30




BWV 21 [3]
Ich hatte viel Bekümmernis


Eu tive tamanho sofrimento
Ao longo dos dias de mi’a vida
Que quase faltava todo alento,
Faltava a esperança decidida.
Até contemplava a vil partida
Por peso de tanto desespero.
Porém, eu fiquei, e não parti:
Joguei em Tuas mãos meu entrevero,
Em Ti encontrei minha guarida.


São Paulo, 21 de novembro de 2009





BWV 22 [24]
Jesus nahm zu sich die Zwölfe


Os doze Jesus tomou p’ra Si:
Ficou para trás o mundo inteiro;
Do mundo mais nada resta ali
Onde o coração se deu inteiro.
Por que tão somente doze eram?
E onde estão os mil que desesperam?
Não sei se, em verdade, eu compreendi
Por que é que o destino a alguns sorri
E deixa outros tantos no atoleiro...


São Paulo, 22 de novembro de 2009





BWV 23 [9]
Du wahrer Gott und Davids Sohn


Tu, Deus verdadeiro e de Davi
O Filho dileto e abençoado:
Ergueste Teu Reino por aqui,
Neste ermo sombrio e desolado.
Com Teu santo sangue, percebi,
Guardaste somente para Ti
A posse da alma de Teus filhos;
E tiraste, assim, os empecilhos
P’ra chegar a Ti, o Bem-Amado.


São Paulo, 22 de novembro de 2009





BWV 24 [10]
Ein ungefärbt Gemüte


Uma indisfarçável intenção
De amar, de amar muito e eternamente,
Pode ser sentida co’ emoção
Em tudo que vejo em minha mente.
Como fazer dela realidade,
Trazer para o mundo esta intenção?
Ah! Quanto se perde nesta ação:
Do sonho fazer o que é verdade,
P’ra não ser só sonho simplesmente.


São Paulo, 22 de novembro de 2009





BWV 25 [25]
Es ist nicht Gesundes an meinem Leibe


Meu corpo não tem saúde alguma
Se a alma estiver sofrendo, enferma.
Se a dor é do corpo, ele acostuma
E guarda, a saúde, a alma trazer-ma.
O corpo perece, não se salva,
A alma é eterna e sem fim;
Mistério de Deus, suave e alva:
Bem sei que é o que vale para mim
– É feita de rosa e de jasmim...


São Paulo, 23 de novembro de 2009





BWV 26 [11]
Ach wie flüchtig, ach wie nichtig


Ah! Quão passageira, quão vazia
A vida que vai sem fé nem Deus.
O mundo é ilusão que só extasia
Quem perde a razão nos sonhos seus.
Mais vale o invisível, mas eterno,
Ah – do que esta vida só de adeus.
Buscai o domínio sempiterno
Do Sol que refulge eterno dia!
Oh! Deus tenha dó dos dias meus!


São Paulo, 23 de novembro de 2009





BWV 27 [22]
Wer weiss, wie nahe mir mein Ende


Meu fim – estará perto, quem sabe?
Mistério! Quem sabe decifrar?
Talvez amanhã meu sopro acabe,
Talvez na velhice eu possa entrar.
Importa, no entanto, mais que o tempo,
Que a vida não seja passatempo,
Mas luta sincera, sempre a orar,
E todo pecado, um contratempo,
Mas sem do que é eterno me afastar.


São Paulo, 23 de novembro de 2009





BWV 28 [26]
Gottlob! Nun geht das Jahr zu Ende


Louvado Deus seja! O ano finda!
E chega o momento da esperança.
Um novo porvir o tempo brinda
Ao tempo que segue e que avança.
O amanhã promete um novo alento
À vida que segue em frente ainda;
À frente se encontra o bom provento,
Se busco a esperança é lá que eu tento,
É lá no futuro que a vida é linda...


São Paulo, 24 de novembro de 2009




BWV 29 [26]
Wir danken dir, Gott, wir danken dir


Senhor, obrigado! Obrigado!
Por Tua bondade sem limites,
Por Teu santo Nome, iluminado,
Por toda alegria que permites!
Ainda que só louvor Te déssemos,
Com nosso viver a Ti doado,
Mui pouco louvor aos Teus acréscimos
Daríamos – por mais que quiséssemos
Gloriar Teu amor a nós brindado.


São Paulo, 01 de dezembro de 2009





BWV 30 [27]
Freue dich, erlöste Schar


Oh massa remida, exultai!
Pois de graça fostes perdoada!
Sua pura bondade celebrai
Pois por ela fostes resgatada.
Antes que o pecado cometêsseis
– Ah! antes que o Espírito ofendêsseis –
Fostes resgatada pelo Pai.
E ainda que tudo o mais perdêsseis,
A Ele – somente a Ele – amai.


São Paulo, 06 de dezembro de 2009


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