segunda-feira, 23 de junho de 2014

Bachianas poéticas BWV 51-60



 

BWV 52 [17]
Falsche Welt, dir trau ich nicht


Falso, falso mundo! Em ti não creio!
Teus brilhos e cores são tão falsos!
Sei que tudo aquilo que eu odeio
Tão somente são os bons percalços
Que esculpem minh’alma sofredora.
E as coisas nas quais me regozijo
Também têm sua face enganadora!
Sempre que de mim a fé exijo,
Sei que o mundo é sombra sedutora.


São Paulo, 18 de maio de 2010



BWV 54 [16]
Widerstehe doch der Sünde


Sede firmes contra a transgressão
Oh! Firmai-vos contra o vil pecado!
Contra o erro, usai vossa razão,
Oh! Buscai, contritos, o perdão
Das mãos do Infinito Bem-Amado.
O arrependimento traz o amor,
Pois Deus se compraz na indulgência,
E embala, nos braços da paciência,
O alma infeliz do pecador.


São Paulo, 26 de julho de 2010



BWV 55 [24]
Ich armer Mensch, ich Sündenknecht


Oh! Pobre de mim, escravo sou
Do pecado vil, do vil pecado.
Caminho abatido e assim me vou
Errando aqui deste e d’outro lado.
Mal domo um dos erros que me prendem
E já outros mil me surpreendem.
Oh! De nada adianta eu lutar,
Somente Deus pode me livrar,
Só por Seu amor sou libertado.


São Paulo, 26 de julho de 2010
 



BWV 56 [4]
Ich Will den Kreuzstab gerne tragen


Oh! Carregarei contente a cruz,
Pois sei que ela é minha salvação!
Do que sofreu Cristo, se deduz,
Ah, que sofrer não é sofrer não.
Num mundo que é todo fantasia,
Num mundo que é todo uma ilusão,
Tudo o que parece ser, não é,
E o que não parece pode a fé
Transmutar, sem erro, em redenção.


São Paulo, 26 de julho de 2010




BWV 57 [5]
Selig ist der Mann


Abençoado é o homem, abençoado,
Embora não saiba bem porquê.
Um anjo é quem vai bem ao seu lado,
Porém não o ouve, não o vê...
Segue, pelo mundo deslumbrado,
Cheio de maldade dentro em si;
Não vê quanto a sorte lhe sorri;
Não percebe Deus e Sua mercê,
Nem percebe o Éden restaurado.


São Paulo, 4 de agosto de 2010



BWV 58 [9]
Ach, Gott, wie manches Herzleid


Ó, Deus, quantas penas no meu peito!
Ó, quantas tristezas, quanta dor!
Fico bem confuso e bem sem jeito,
Cheio de preguiça e de torpor.
Ah! Por que será que sofro tanto?
Os céus requisitam o meu pranto?
Ah, chorei eu tanto, toda a vida,
E levei minh’alma abatida
Em busca de paz e de acalanto...


São Paulo, 4 de agosto de 2010




BWV 59 [12]
Wer mich liebet, der wird mein Wort halten


Quem Me ama, este guarda Mi’a Palavra,
Aninha em seu peito a Magestade;
No solo do peito é que ele lavra
C’o arado do Verbo Mi’a Vontade.
Jamais trocará as coisas Minhas
Pelo ouro e a riqueza deste mundo.
Oh! As almas santas, suas vizinhas,
Que no céu são reis e são rainhas,
Lhe dedicam grande amor, profundo.


São Paulo, 4 de agosto de 2010
 



BWV 60 [2]
O Ewigkeit, du Donnerwort


Ó Eternidade, qual trovão
Tu entre as palavras reverberas!
Não pereceremos neste chão:
Não! O fim e a morte são quimeras!
Nossa alma resiste a todas eras!
O corpo se enterra e já está findo:
Desde o nascimento ia fugindo
Desta vida que a alma compartilha
Com o Deus eterno – pois: sua filha.


São Paulo, 10 de outubro de 2010
 

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