BWV Anh. I 156 [31]
Herr
Christ der einige Gottersohn
Cristo Senhor,
Filho de Deus, único,
Do Deus
amantíssimo e bondoso...
– O que
significa “Filho único”? –
Pergunta o rapaz
irreligioso.
– Como pode a
graça ser restrita
A um tempo
único, ditoso? –
– Cristo é como
o Sol – digo – Reflita:
Não importa
quantas vezes nasça
É um só, e
eterna a Sua graça.
Montevideo, Confeitaria Facal,
16 de
fevereiro de 2012.
BWV Anh. I 157 [35]
Ich
have Lust zu scheiden
Ah! Tenho
desejo de partir
E de ir-me a
terras mais serenas:
Mas, ai! o que
há de garantir
Que ali
cessarão as minhas penas?
Não importa!
quero ir-me já!
Em outras
paragens hão de vir
As dores que eu
tenha que sentir...
Um alívio certo
vir-me-á:
As dores daqui
não ‘stão por lá...
Montevideo, Confeitaria Facal,
16 de
fevereiro de 2012.
BWV Anh. I 190 [28]
Ich
bin ein Pilgrim auf der Welt
Sou um peregrino neste mundo:
Caminho, caminho e longe vou...
Envelheço a cada um segundo –
Do que eu era ontem, que restou?
Sei: minha jornada aqui começa,
Tão plena de sonho e de promessa...
Qual esforço meu será fecundo?
Nos meus desatinos eu me afundo,
Sem Deus, prece, amor ou dó que o
impeça...
Montevideo, Plaza Fabini,
15 de fevereiro
de 2012.
BWV Anh. I 191 [34]
Leb
ich oder leb ich nicht
Vivo, ou não vivo: já não sei...
Se amar é viver, eu já morri;
Se a morte é só paz e Deus, seu rei,
Não, não me é a morte quem sorri.
Não, não é a morte, que esperei;
Ai! Se sofro tanto é que ainda estou
vivo!
Ai! Por que esta vida é necessária?
Por que esta labuta atroz, diária?
Por que o sofrimento corrosivo?
Montevideo, Casa Retiros San Jose,
18 de
fevereiro de 2012.
BWV Anh. I 193 [34]
Herrscher
des Himmels, König der Ehren
Ó Senhor dos céus, da Honra és Rei!
Como aparecer ante o Teu trono?
Eu, que neste mundo tanto errei,
Ah! Conseguirei Teu santo abono?
Para longe fui de Tua Lei;
Ai! Eu dei as costas ao Teu Rosto!
Mesmo assim, me sinto perdoado...
Maior é o perdão do que o pecado!
E Teu amor tira o meu desgosto!
São Paulo, 15 de maio de 2012.
Toca
Händel, o Messias – Hogwood
BWV Anh. I 195 [29]
Murmelt
nur, ihr heitern Bäche
Murmurai, ó águas brincalhonas
Em vosso percurso pela serra;
Que correis mil e uma maratonas
Na mata que tanta vida encerra.
Saltitando pedras, corredeiras,
Lá se vão as águas-puladeiras.
Correm para o mar, o seu destino,
Como corro eu, em desatino,
Para a vala e a cova derradeiras.
Santa Terezinha, casa da Neca, 02 de
março de 2012.
BWV Anh. I 196 [22]
Auf,
süß entzückende Gewalt
Ó encantadora força, doce
Sois ao paladar de minha alma!
Ainda que em meio às trevas fosse,
Apoiado em vós, teria eu calma.
És força benigna, que me cura
Da dor em meu peito, fria e dura.
Ó força benigna, eis minh’alma!
Embora eu caminhe à sepultura,
Apoiado em vós, terei eu calma.
Santa Terezinha, casa da Neca, 1º de
março de 2012.
BWV Anh. I 197 [33]
Ihr
wallenden Wolken
Carregadas nuvens, que trazeis
O pranto celeste em abundância;
Observo o poente e já... eis!
Raios e trovões em alternância.
Será sobre vós que vem o Cristo?
Não! Esta bobagem eu repilo!
É sutil o símbolo imprevisto:
Nuvens são somente tudo aquilo
O que os homens temem ver, e ouvi-lo.
Santa Terezinha, casa da Neca, 1º de março
de 2012.
BWV Anh. I 199 [14]
Siehe,
eine Jungfrau ist swanger
Vede! uma virgem está prenhe!
A graça de Deus a escolheu.
E, ainda que o mundo só desdenhe,
Ela glorifica o Filho seu.
Mesmo que sofrida, não diz “ai”.
A glória do Filho é sua glória.
E Ele é grande não por Sua história:
Maior fora Adão! Vede! Pensai!
Pois este não teve mãe nem pai.
Santa Terezinha, casa da Neca, 1º de
março de 2012.
BWV Anh. I 209 [7]
Liebster
Gott, vergißt Du mich
Ó amado Deus, de mim esquece,
Pois de Ti também eu esqueci...
Quem contra Ti peca, este padece –
O castigo bem que mereci.
Mas, não! Tua graça justo cresce
Quando contra Ti cresce o pecado!
Uma alma, quando corrompida,
Por mais que se tenha distanciado,
Ainda de Ti recebe vida.
Porto Alegre, casa da Neca, 28 de
fevereiro de 2012.
BWV Anh. I 210 [22]
Wo
sind meine Wunderwerke
– Onde estão as minhas maravilhas? –
Perguntou o Pai ao Filho amado.
– Quais delas? São tantas as tuas filhas!
–
Respondeu
Jesus, indo ao Seu lado.
– Falo das que
sempre permanecem,
– Que são
imortais: não envelhecem. –
Soube então
Jesus que grande agrado
Tem Deus pelas
almas que O conhecem!
Preferiu
sorrir, e estar calado.
Porto Alegre, casa da Neca, 28 de
fevereiro de 2012.
Para Neca
BWV Anh. I 211 [20]
Der
Herr ist freundlich dem, der auf ihn harret
Oh! Quão
amigável é o Senhor
Com todos
aqueles que O esperam.
Os que mantêm
vivo o Seu temor
E Seus
mandamentos bem ponderam.
Quem O espera,
sabe que já vem;
Mas ai! quem O
espera, dizei, quem?
Ele vem como um
ladrão na noite,
Quando a
escuridão vibra o açoite.
Mas quem é que
O espera? Ai! Ninguém!
Porto Alegre, casa da Neca, 28 de
fevereiro de 2012.
BWV Anh. I 212 [25]
Vergnügende
Flammen, verdoppelt die Macht
Ó chama do
júbilo, vem, dobra
Teu fulgor, teu
brilho chamejante;
Celebra, de
Deus, a grande obra,
E que de
minh’alma eu que cante.
Sem fim são os
mundos que criou
O Deus de poder
e de bondade.
E a alma que
define quem eu sou
É eterna, e não
conhece idade!
Ó chama! Teu
brilho já me invade!
Montevideo, confeitaria Facal,
16 de
fevereiro de 2012.
BWV Anh. I 224 [7]
Reißt
euch los, bekränkte Sinnen
Livrai-vos,
espíritos sofridos,
Das penas da
vida e dos pecados.
Elevai aos céus
vossos pedidos
Por serdes dos
males libertados.
Ele é quem
ampara os oprimidos,
Ante Ele todo
mal reflui...
Ele é quem dá
força e dá guarida,
Ah! Para não
serdes como eu fui:
Mais feliz nos
sonhos que na vida...
São Paulo, 13 de maio de 2012.
FIM