sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Poemas depois da despedida - Tomo X


Tens sido a inspiração
 
Ah, tens sido a inspiração,
Mas eu te quero esquecer.
Esvazio o coração:
Já teu não mais posso ser.
Mas me pego recordando,
De modo velado e brando,
O que teve de morrer.

Aquieto meus sentimentos,
Não quero com a dor bulir.
A dor tem mil e um inventos
Com os quais nos destruir.
Mas... de esquecer eu cansei;
Pois tu te foste, isto eu sei,
Para nunca mais sumir.
  
São Paulo, 20/4/11











 
Só há uma certeza

Na vida, só há uma certeza
Um dia todos morrerão.
E “a vida é curta”, com certeza,
Como bem já disse o refrão.
Qual a razão, pois, da trapaça
Que provocou nossa desgraça,
E estraçalhou meu coração?

São Paulo, 20/4/11




 







Tanto do que eu tenho é teu
  
Tanto do que eu tenho é teu!
Por certo me recriaste!
Em meu ser bruto, o desbaste,
Foi por ti que sucedeu.
Acho também que o reverso
Certamente aconteceu.
Em meu olhar, em meu verso,
Outra vida em ti nasceu.
Por que fomos nos perder?
Como posso te esquecer,
Se tanto de ti sou eu?

São Paulo, 20/4/11




 








Percorro os mesmos caminhos

Percorro os mesmos caminhos
Por onde andávamos juntos;
Mil olhares, mil carinhos,
Falando de mil assuntos.
As ruas são pelourinhos
E nós, agora, defuntos.

Percorro os mesmos caminhos...
Por onde andávamos juntos,
Agora vamos sozinhos...

 
São Paulo, 20/4/11




 





 



Se é raiva?

Se é raiva o que sinto? É raiva!
Mas também é pena, é dó!
A dor me veio em saraiva,
Meu peito, moído a mó.
Não tinha de ser assim!
Se tu cuidasses de mim,
Eu não estava tão só...

São Paulo, 20/4/11




 








Não quero sorrir
 
Ai! Não! Não quero sorrir!
Não, não quero brincar!
Enquanto a dor não sumir,
Eu quero a dor desposar.
Ah! Que me infernize a vida!
Do fel, a plena medida!
‘stou morto... Vou me enterrar...
 
São Paulo, 20/4/11




 





 



Se te odeio?
 
Se te odeio? Se te odeio?
Não foste mau suficiente...
O amor se meteu no meio
E isto me pôs demente!
Mas a lucidez me volta
E em vez de sentir revolta,
Tu me és indiferente.
 
São Paulo, 20/4/11




 








Dói-me
 
Dói-me o amor dividido!
A ternura repartida...
Daí a alma aturdida...
Busco entender os motivos,
Mesmo que torpes, furtivos...

Arde-me a farsa do amor!
Os falsos bons sentimentos!
Ah! E, mais que tudo, o horror
Dos enganos virulentos!
Ai! perdeste! E – ai!– perdi!
Mas foste o algoz... e eu sofri...
 
São Paulo, 20/4/11




 





 



No amor traído
 
Quem não foi no amor traído,
Erga os braços para o céu!
O amor o mal cometido
Encobre com denso véu.
Ele disfarça o engano!
É impiedoso tirano!
Já me vês, do amor, incréu.


São Paulo, 20/4/11




 









Desculpas
 
Não, não me venhas com desculpas...
Não há razão que justifique!
Dizes que também tenho culpa,
Mas não pus eu o barco a pique!
Da dor que agora nós sentimos
Colocaste tu os arrimos.

Claro que errei! E quem não erra?
Atire ele a primeira pedra!
Pelo sagrado que há na terra!
Bem diverso é o mal que em mim medra...
Não compares teu erro ao meu!
Pois, mesmo errando, eu fui só teu!

 São Paulo, 20/4/11


 










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