sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Poemas depois da despedida - Tomo VIII


Não, não morri por completo

Não, não morri por completo
No dia em que tu te foste.
Fiquei de dores repleto,
Me encolhi num canto, quieto,
No dia em que tu te foste.

Algo em mim sobrou de vida
No dia em que tu te foste.
Bem frágil, tênue, sofrida,
Mas, mesmo assim, vida, vida...
No dia em que tu te foste.

Quis gritar, quis ficar louco,
No dia em que tu te foste.
Chorei até ficar rouco,
Não desfaleci por pouco,
No dia em que tu te foste.

Não terei como dileto
O dia em que tu te foste.
Agora, minh’alma aquieto:
Não, não morri por completo,
No dia em que tu te foste.
 
São Paulo, 18/4/11









Cuidado p’ra não bulir

Cuidado p’ra não bulir
Com Eros, deus irascível.
Não é possível fugir
Nem escapar conseguir...
Estar a salvo é implausível.

Eros controla o destino
De todos a quem alveja.
É encantamento divino
A loucura e o desatino,
Que mesmo Vênus inveja.

Psiu! Passa quieto! Não fales!
Pois Eros é sempre atento!
Cuida montanhas e vales.
Cuidado que não resvales
E ele te alcance, sedento.

Ai! Da tua seiva sedento,
Da seiva da tua existência!
Disfarçado de acalento,
De suposto bom intento,
Ele roubará tua essência.

Foge! Foge de Eros, vai!
Seu chamado é de sereia!
Aos tolos todos atrai!
E a vida vaza, se esvai;
Não sobra inteira, só meia...

Nem meia! Nem meia sobra!
Pois Eros é violento!
Assim que encerra sua obra,
A alma não se recobra...
Ah... mil suspiros ao vento...

Sabe que Eros é menino!
É traquinas, folgazão.
Mas não menos assassino!
Sim, eu sei! Eu o incrimino,
Pois matou meu coração.

São Paulo, 18/4/11




 















“Res ipsa loquitur”

As coisas por si próprias falam

As coisas por si próprias falam
E o que acontece jamais mente.
Sobre os erros do amor se calam,
Ah! Mas o coração pressente!
E quando tudo vem à tona
E a bomba da traição detona,
Não peçam que eu fique silente!

São Paulo, 18/4/11

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