sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Poemas depois da despedida - Tomo IX


Por que me ligas, por quê?

Por que me ligas, por quê?
Dizer que tiveste um sonho!
E eu mais infeliz me ponho;
Quem me olha, logo vê...

Não quero contato! Chega!
Não creio mais no que dizes!
E me junto aos infelizes
Da mais vil tragédia grega.

Pára! Não toques na ferida!
Deixa o silêncio pousar
Sobre mi’a dor, meu pesar.
Toda ventura é já ida.

Denunciaste o meu rancor...
Eu quero ter raiva! Quero!
Pois assim não desespero
De querer o teu amor
 
São Paulo, 19-20/4/11

















Sempre e nunca: palavras mentirosas

Sempre e nunca: palavras mentirosas.
Nunca foi “sempre” nem sempre foi “nunca”.
São dimensões fatais, todo-ardilosas:
Troços de vida que a palavra trunca.

“Nunca” é palavra ausente em toda dor.
“Sempre” é inexistente em todo bem.
O sofrimento é bênção do Senhor,
Assim como a alegria que nos vem.

Bem e mal para sempre se revezam
E nunca deixarão de se alternar:
Farão dueto enquanto o sol brilhar.

“Sempre” e “nunca” jamais serão verdade!
Mas tu as empregas como boas armas:
Assim varres a dor dos teus mil carmas...
 
São Paulo, 20/4/11



















 Ah! Um homem é um homem

Ah! Um homem é um homem
Mais as suas circunstâncias.
E, por pior que o tomem,
Em suas mil inconstâncias,
Ele ainda é um homem
E suas mil circunstâncias.

São Paulo, 20/4/11




 














Não, não sou amante modelo

Não, não sou amante modelo
Saído de conto de fadas.
Faltam-se fulgor, falta zelo;
Cometo, no amor, trapalhadas.

Deixei-me incorrer em mil erros...
Fui mau réu. Juiz fui pior!
Me forcei a infinitos desterrros
E a dor só ficava maior.

Mas amei. Amei de verdade;
Embora pequeno o meu peito,
E amando do meu mau jeito,
Eu não merecia a maldade.

São Paulo, 20/4/11




 














Tocou a campainha

Tocou a campainha
E eu temi que fosses tu!
(Seria a casa vizinha?)
Eu tremi como bambu!
Era o carteiro somente,
Trazendo mais uma carta.
Não, não vi na minha frente
Quem do amor a dor me aparta.
  
São Paulo, 20/4/11




 














Sofro na dor, na saudade

Sofro na dor, na saudade.
Perdi, em mim, meu melhor.
Tu me acusas de maldade:
Meus erros eu sei de cor!
Meu Deus! Que grande entrevero!
Pois, para o meu desespero,
Tu foste muito pior!

São Paulo, 20/4/11




 














Batalha aguerrida, forte e feroz

Batalha aguerrida, forte e feroz
Que exige de mim coragem tremenda!
Tenho pela frente o meu vil algoz,
Embora sua ira não me surpreenda.

Busco amparo. Ergo aos céus minha voz!
Ah! Que em meu socorro a bênção descenda!
Ó! Livra-me, Deus, do inimigo atroz,
Ou deixa que a luta vil eu compreenda.

Mas... só há silêncio! Tudo se cala...
Ah! Meu peito teme a dor, tem receio,
Tem medo, depois que o golpe me veio...

Mas então escuto a voz que em mim fala.
Em meu desespero, o siso interveio:
Entre Deus e o diabo, a luta eu medeio.

São Paulo, 20/4/11

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