Dies Domini
D i a d o S e n h o r
Dies Amoris
D i a d e A m o r
Poesias
Celebração do Bicentenário
do Nascimento
de Bahá’u’lláh
de Bahá’u’lláh
(1817–2017)
e do Báb
(1819–2019)
Capítulo 6
Amorosices
Amorosices
Sim... temos o mesmo sangue...
Sim... temos o mesmo sangue...
Não é o que nos aproxima...
Família pode ser gangue,
Ou um castigo que oprima...
Cozinhamos sopa juntos
Em tempos já bem defuntos...
(Quem a infância subestima?)
Um avião na garagem![1]
Jabuticabeiras belas!
A olaria... a viagem
Para o eclipse... as chinelas...
Coelhos na gaiolona,
Todos eram “seu” e “dona”...
(Busco as lembranças mais belas!)
Sempre te amei e te quis!
Tirando a tristeza fora,
Sei que eu sempre fui feliz.
Mas não sei se o sou agora...
Só sei que pensando em ti
Sou feliz porque vivi
Um tempo que foi embora.
Para Ana Cristina Beust da Silva, minha irmã.
Campinas, 02 de julho de 2016
Campinas, 02 de julho de 2016
[1] Nos fundos da casa havia
duas grandes garagens. Uma delas abrigava o corpo de um avião, sem as asas, que
fora de nosso avô Frederico Lourenço Machemer, com o qual ele caíra numa viagem
a Mato Grosso, sobrevivendo quase ileso. Muito brincamos lá dentro.
Não sabia o que era o amor
E, no entanto, já te amava.
Só aumentou seu vigor
Enquanto o tempo passava.
Eras tudo o que eu não era...
Noutro tempo, noutra era,
O nosso amor já gestava.
A venda, depois da
estrada,
Tinha sacos de aniagem.
Depois de a roupa lavada,
Já tremulava na aragem...
Banhos no tanque d’Anita,
As compras em Santa Rita,
E um avião na garagem![1]
Fomos felizes ou tristes?
Somos tristes ou felizes?
Eu só sei que, porque existes,
São boas nossas raízes.
No pátio tinha galinhas,
Tuas pegadas e as minhas...
É bom lembrar? Que me dizes?...
Para Ana Cristina Beust da Silva, minha irmã.
Campinas, 02 de julho de 2016
Campinas, 02 de julho de 2016
[1] Nos fundos da casa havia
duas grandes garagens. Uma delas abrigava o corpo de um avião, sem as asas, que
fora de nosso avô Frederico Lourenço Machemer, com o qual ele caíra numa viagem
a Mato Grosso, sobrevivendo quase ileso. Muito brincamos lá dentro.
Afinal nos vamos ver!
Este
mundo é de distâncias...
E
como o tempo conter,
Gerador
de tantas ânsias?
Mas
vem o dia do encontro,
Do
abraço e do beijo amigo...
Sei
que em cada reencontro
Volta
o mesmo amor antigo.
Cada
nova convivência
Já se
liga à anterior,
Sem ver
do tempo a inclemência
Que
nos causa tanta dor.
O
coração sempre exclama
Feliz
ao rever quem ama.
Para
Jacob e Andrea Ayvazian.
Barueri, HP, 29 de junho de 2016
Então?!? Te foste dançando?!
Foi só para dar inveja?
Quando eu me for (quando? quando?),
Espero que assim o seja.
Teus olhos viam a luz
Invisível aos que veem.
No céu, teu amor seduz
As almas que te rodeiem.
És gigante em tua fé,
Generosa em teu carinho.
Desconfio mesmo, até,
Que escolheste teu caminho...
Quiseste partir no riso,
Já que partir é preciso...
(Foste rosa sem espinho.)
Para Matilde Alves Pontes (Tildinha), in memoriam.
Barueri, HP, 29 de julho de 2015
Barueri, HP, 29 de julho de 2015
Então... morreste dançando?
Tua alma sorridente
Entrou no céu rodopiando?!
E seguiste, foste em frente,
Enxergando a grande Luz
Que já na terra tu vias
(Visão que a alma produz).
Aqui eras tão pequena,
Já, no céu, serás gigante!
Não restará mágoa ou pena
Pela eternidade adiante.
Como Deus te cativou,
Soubeste nos cativar;
Do jeito que Ele te amou,
Tu soubeste nos amar.
O que dizer da Alvorada?
Que palavras sobre a amada?
Foste feita p’ra voar!
Barueri, HP, 29 de julho de 2015
Para Matilde Alves Pontes (Tildinha), in
memoriam.
Livia, foi Deus quem te quis
Não teu pai, tua mãe ou nós.
Ele afirma — Eu te fiz!
Vieste p’ra um mundo atroz,
Onde falta paz e amor,
Esquecido do Senhor,
Desatento à Sua voz.
Quisera que tu viesses
A um mundo só de beleza,
Cheio de amor e benesses,
De bondade e de pureza.
Mas este mundo é distinto,
É bem malvado, não minto:
Cheio de dor, com certeza.
Sê, Livia, pois, como azeite;
Ele alimenta e ilumina.
E ora que Deus aceite
Cada obra pequenina.
Feliz é aquela vida,
A que for por Ele ungida:
Co’amor começa e termina.
Para Livia Vieira Beust
Campinas, 16 de setembro de 2017
Campinas, 16 de setembro de 2017
Foste o primeiro, o mais velho,
E me ensinaste a ser pai.
Como o Sol se queima em hélio,
Meu amor por ti me esvai.
Mas morrendo é que se nasce!
Como da mágica um passe,
Só se tem o que se vai.
Vieste melhor que nós
Nas paragens desta vida.
Sabes desatar os nós
Desta existência sofrida.
Mas és terno, ao mesmo tempo...
Brincar é o teu passatempo...
És companhia querida!
Deus te dê toda a ventura
Que reservou aos eleitos.
Que tragas ao mundo cura;
Sejam bondade os teus feitos.
E quando junto co’a Thay,
Pede a Deus pelo teu pai:
Para que tenha alma pura...
Para André Danesh Beust
Campinas, 03/7/2016Juntos fomos a Paris
E vimos coisas tão belas!
Eu rio, ela ri, tu ris,
Por falarmos churumelas!
Os momentos passarão,
Mas não foram não em vão:
Lembranças — teremos elas...
Notre Dame é um universo
De pedra, fé e piedade;
Um pombo passa, disperso,
Sem saber a sua idade.
São mil anos de beleza,
De majestade e nobreza...
Viro as costas... que saudade!
Caminhamos pelas ruas,
Atravessamos o Sena;
Notamos estátuas nuas
Num frio grande (de dar pena!)
A Torre Eiffel — incrível —
O nosso francês sofrível,
E a vida passando... amena...
Para André Danesh e Thayline Beust.
Paris – Campinas, 09 de junho de 2016
Paris – Campinas, 09 de junho de 2016
Ah... como pode a pureza
Ter a forma de pessoa?
Sei que a tua natureza
Mais que boa, é muito boa!
Contigo o mundo se cura,
Toda alma fica pura,
A esperança sobe... voa!
Sei que os bons sofrem bastante...
É... basta olhar para a História...
Mas se o mundo segue adiante
Sei que é dos bons toda a glória.
Eu peço a Deus que te ampare,
Que toda a dor cesse e pare...
Sobre o mal tenhas vitória.
Ao cantar o bem-te-vi,
Fica certo que é o Senhor
Quem sussurra para ti
Que minguará toda a dor.
É Ele que bem te vê,
Te envolve em Sua mercê,
E acalanta o teu amor...
Para Alexandre Nabil Beust.
Campinas, 03/7/2016
Campinas, 03/7/2016
O bem-te-vi me avisou
Que te salvaram a vida.
Foi o bom Deus que adiou
A hora de tua ida.
Mãos benditas te curaram,
O véu da morte afastaram,
Foi-se a vida mais comprida...
O Senhor quis que ficasses
Neste mundo mais um pouco.
Para que um dia ainda abraces
Teus filhos (daqui a um pouco).
Haverá os teus pequenos
(Ah! e uma viúva a menos),
Neste nosso mundo louco.
O mundo ficou melhor
Porque ficaste conosco.
Se olho o mundo ao redor
Testemunho tanto enrosco!
Corações bons como o teu
São o que Deus prometeu
Para um mundo menos tosco.
Para Alexandre Nabil Beust.
Campinas, 19 de junho de 2017
Campinas, 19 de junho de 2017
De que aço Deus te fez,
Que és assim tão firme e forte?
Eu encontrei-te uma vez
E passaste a ser meu Norte...
Discordamos quase em tudo,
Mas me aquieto, bem mudo...
Bem querer-te é minha sorte.
Ai! Foste minha e eu fui teu,
E deste amor bem sincero
Mais que um bom fruto nasceu...
Mas sabes... sou complicado...
Se benquisto ou mal-amado,
Só dei o que Deus me deu.
Ah! Mas no céu não há erro!
Só há o bem e a ventura!
Saindo deste desterro
Já terei a alma pura!
Estaremos de mãos dadas,
As mágoas bem apagadas,
Num encontro que perdura.
Para Ginus Vahdat.
Campinas, 03/7/2016
Campinas, 03/7/2016
Como a primavera é bela,
És cativante e feliz!
O mundo é duro... atropela...
Nem sempre cumpre o que diz...
Ah! Mas tua alma é grande,
Tua paciência se expande,
Como a um bom servo condiz.
És jovial e terna e forte,
E mereces a ventura.
Grande foi a nossa sorte
De te ter, bondosa e pura.
Quer dizer... nós não te temos...
Mas foi a ti a quem demos
Alguém bem grande em altura!
Peço a Deus que te proteja
E anime teu coração!
Que a vida de vocês seja...
Um banquinho e um violão!
Este mundo é um grande engodo,
Deus te livre do seu lodo!
Sejas livre na prisão...
Para Negar Malekhzadeh Beust.
Campinas, 03 de julho de 2016
Campinas, 03 de julho de 2016
Como pode tanta graça
Em alguém tão miudinho?
És anjo que se disfaŗça
P’ra estar no mundo um pouquinho?
Só sei que te quero bem...
Quanto ao quanto... não sei bem...
Mas é muito!... (Eu adivinho!)
Junte à graça a inteligência
E o nome será Thayline!
E ainda a fé, por clemência,
É bem sua... que a ilumine.
Peço a Deus que sempre a guie,
Que seu amor nunca esfrie,
O amor... que tudo define.
Sim... é nos menores frascos
Que vêm os grandes perfumes.
O dourado dos damascos
Já desmaia ante os teus lumes!
Sim... não és um sol, mas dois,
Só esperando p’ra depois
Ser talvez três... (sem ciúmes!)
Para Thayline Tayhul Vieira Beust.
Campinas, 03/7/2016
Campinas, 03/7/2016
De teus filhos foste mãe,
Sem tempo para ser pai.
Que bênção um pai ser mãe,
Mas seguindo sendo pai:
Este encontrou o mistério
Que domina a mundo etéreo,
Porque Deus é mãe e pai.
No amor não há dualismo,
Alto e baixo lá se unem;
Nele o mais profundo abismo
E os altos céus se reúnem.
Não! o amor não tem plural!
Como o Ser fundamental,
Não tem iguais que o importunem.
Um pai pode ter a graça
De ter da mãe a doçura;
E quanta mãe mostra a raça,
A força e aquela urdidura
Que atribuímos aos pais...
A verdade é que, entre ais,
Resta a alma, una e pura.
A alma que a si se doa
Transcende a dualidade:
Não é pai... nem mãe... é boa!
Essa é sua identidade.
Assim, pois, eu te saúdo;
Nem pai nem mãe — foste tudo!
(Como a própria Divindade...)
Para Ronnie Von.
Campinas, 28 de setembro de 2017
Campinas, 28 de setembro de 2017
Ao redor, a catedral
Ao redor, a catedral…
Ao meu lado, o teu
vazio…
Repara aquele vitral!
Já tira, da alma, o
frio!
Estes séculos de
pedra,
A saudade que em mim
medra,
A tudo o amor
resistiu…
Chartres me preenche
inteiro…
Pode a pedra
respirar?
Como me sinto
grosseiro
Ante as arcadas de
ar!
Feixe de luz colorida
Sobre lápide dorida,
Diz que é necessário
amar…
Tantos séculos de fé
Nestas pedras
esculpidas!
Este vulto… é?… não
é?…
Uma das almas já
idas?
Fosse mesmo um
abantesma,
Para mim me dá na
mesma…
Teu vazio… sombras
compridas…
Para Paulo Roberto de Araripe Sucupira.
Chartres – Campinas, 16 de junho de 2016
Chartres – Campinas, 16 de junho de 2016
De tristezas e alegrias
Nós dois, sim,
muito sabemos.
O inverno tem
noites frias...
Mais mistérios do
que vemos...
Foram mais ais ou
mais risos?
Jamais os temos
precisos,
Por mais que
todos contemos...
Não... a vida não
é soma,
Não é conta...
subtração...
É outra coisa,
outro idioma:
A língua do
coração.
Pode haver riso
num ai,
Já o disse American Pie,
E há tanto riso
que é vão...
Mas sabemos que
vivemos
Como melhor
conseguimos...
Se sobre outras
vidas lemos,
A nossa é que
perseguimos...
Sim, houve
amor... há amor!
E já esquecemos a
dor...
Há esperança em
nossos imos.
Para Nereida Manzoli.
Campinas,
02/7/2016. Ouvindo American Pie.American Pie me embala...
Toca agora na vitrola.
Quando a dor do peito cala,
A dor do corpo consola.
Tinha um LP vermelho,
Um lanhado no joelho,
E, nas provas, muita cola.
Sessões de filmes seguidas
Com lanchinho na valise.
Mais que os filmes, nossas vidas
Eram de ventura e crise.
Havia segredos, sim,
Que eu ocultava de mim...
(Quem não há que os não precise?)
Como as paineiras em flor
Desafiam todo o frio,
O nosso rosado amor
Nunca falhou ou mentiu...
Temos vida pela frente,
Ou vem o fim de repente?
Já não importa... sorrio...
Para Nereida Manzoli.
Campinas, 02/7/2016. Ouvindo American Pie.
Campinas, 02/7/2016. Ouvindo American Pie.
Onde encontrar as palavras
Que se ocultam sob as sombras?
O ouro, nas fundas lavras,
Não se deita nas alfombras.
Ele é sujo e feio e oculto.
Mal se divisa seu vulto!
Disto que digo... te assombras?
Palavras e versos fogem
Como fogem andorinhas,
Buscando, em meio à folhagem,
Escapar (já adivinhas!)
Do falcão que vem furioso
Querendo p’ra si o gozo
De matar as avezinhas.
As rimas também se escondem
Do poeta-predador.
Por isso que não respondem
À ordem de se compor.
Não querem ser espetadas
Como são alfinetadas
Borboletas no isopor.
Por isso o poeta caça
E labuta e cava e sofre.
E bendiz toda desgraça,
Que é, das rimas, como um cofre.
E se a caça não é boa
Não dá p’ra ficar à toa:
Calha a rima ser... Onofre...
Para Gabriel Marques.
Campinas, 03/7/2016
Campinas, 03/7/2016
Passou teu aniversário
E nenhum sinal de mim...
Estive todo ao contrário:
Não sei se fui ou se vim.
Tu conheces meus reversos:
Estes abismos perversos,
Essa dor que não tem fim.
Longe foi-se a paz, o riso.
Fiquei aqui a ver brumas.
No chão que piso e repiso
Busco esperanças... algumas...
Gira o mundo p’ra qual lado?
É redondo ou é quadrado?
(Com esta dor te acostumas?)
Eu devia ter ligado...
Mas o corpo e a mente... inertes...
Quem pode escapar ao fado?
Os que se fazem solertes
Não escapam dos perigos...
Ao menos tens bons amigos,
Vais ao cine e te divertes.
Penso em ti a toda hora,
Mas a operadora custa.
Quando o dia vai-se embora
Encontro aquela hora justa:
Relembro os momentos mil,
A valise de vinil,
Listrada, rosa e robusta.
Piqueniques no cinema,
Acepipes na valise.
Ah! a tarde era um poema,
Não havia dor nem crise.
Vivíamos com vigor!
(Sabíamos que era amor?
(Tu sabias? Vamos! Dize!)
Mal sabíamos que a vida
Nos pregaria mil peças!
Esta alegria doída
É o que restou das promessas:
De dias p’ra sempre claros,
De infortúnios muito raros...
Foram falhas, todas essas.
Os olhos com menos brilho;
Seguimos... (há que seguir...)
Mas o chão que agora trilho
Me leva a outro porvir.
A estrada agora nos cansa...
É despida de esperança?
Há o bastante p’ra sorrir?
Feridas são cicatrizes
Onde a pele fica forte.
Nós seremos mais felizes
Por vencer a dor e a morte.
Nossa vida teve dores,
Mas teve também amores
E bênçãos de toda sorte.
Acima de tudo, nós
Mantivemos nosso laço.
Mesmo longe e mesmo a sós,
Compartilhamos o abraço.
O abraço da benquerença,
Sim, desta ternura imensa
Que me faz mais que eu me faço.
Para Nereida Manzoli.
Barueri, HP, 15 de março de 2017
Barueri, HP, 15 de março de 2017
Sonhei contigo esta noite
Sonhei contigo esta noite.
Senti a dor da saudade.
É dela o suave açoite,
E a dor de quase maldade.
Porém, o que eu lembro eu tenho,
E, se do passado eu venho,
Dele também vem verdade.
É vero o que se passou
Entre nós, e nós e o mundo.
O que é passado é o que eu sou:
Tempo feliz e fecundo.
Ríamos! Ria-se tanto!
Ainda hoje me espanto,
Me enterneço e me confundo.
Os cinemas vespertinos,
Os filmes em super-oito...
A bolsa e os óculos “finos”
O amor tão sem jeito e afoito...
Mas passou tudo, passou...
E, do passado, me ficou
O gosto bom de biscoito.
Para Nereida Manzoli.
Campinas, 01 de janeiro de 2016
Campinas, 01 de janeiro de 2016
Pois... ganhei um pão da Cléo,
Qual fora da Santa Ceia...
Um pão que desceu do céu,
Tamanho receita-e-meia.
Comi o pão com geleia
(Era um pão cheio de ideia),
Dos que a vida aformoseia.
É por isso esta poesia:
Por causa do belo pão.
Ao comê-lo eu bem sentia
O gostinho da emoção:
Um sabor, tenho certeza,
Que nasceu da gentileza
E do amor do coração.
Para Cléo e Milton Mandel.
Barueri, HP, 07 de outubro de 2015
Barueri, HP, 07 de outubro de 2015
Foi-se hoje todo o pão
Que a querida Cleo me deu.
Junto as migalhas do chão
(Quem vai comer sou só eu!)
Não, não é um pão qualquer;
Tente imitar, se puder!
Só o sabe quem comeu...
Já tentei ter a receita,
Mas “de olho” ela o prepara...
Cura dor, cura maleita,
Toda pena, cura e sara.
Sim! É o pão da Santa Ceia!
Quem tiver fé que me creia:
Jesus o multiplicara...
O pão feito com amor
Tem valor diferenciado:
Combate todo langor,
Ergue quem vai arriado.
Nem só de pão vive o homem...
Mas do amor no pão que comem.
Que grande amor me foi dado!
Para Milton e Cleo Mandel.
Campinas, 03 de julho de 2016
Campinas, 03 de julho de 2016
Quem te fez tão bela e boa
Deve ser um grande Deus!
Como o pensamento voa,
Voam os anseios teus:
De um mundo com bem mais fé,
Da virada da maré:
Só com reis e sem plebeus.
Onde cada um é rei
De si mesmo, e mais ninguém.
Onde a grande e maior Lei
É o amor, o amor... Amém!
És tão terna quanto firme
Todo o mal que às vezes vem.
Agradeço muito a Deus
Por nos termos com carinho.
(Quem não quisera, entre os seus,
(Um ser que abranda o caminho?)
Quem tem o Espírito Santo
É coberto pelo manto
De Deus... nunca está sozinho.
Para Mariana Barotto Vahdat (Mariam).
Campinas, 17 de junho de 2016
Campinas, 17 de junho de 2016
Deito no sofá da sala
E leio meu Dom Quixote.
Sancho Pança agora cala;
Na venda acendem o archote.
A noite traz maravilhas:
Ser senhor de reino em ilhas,
Quando o amo o mal derrote.
Tenho o Quixote no peito
E Sancho no coração.
Amigos em voz e jeito,
Reis do riso e da emoção.
Deus! Cervantes foi imenso,
Profundo, altíssimo, extenso!
(Anjos guiavam-lhe a mão.)
Campinas, 16 de fevereiro de 2019
Deu mediante, em meu regaço
Te embalarei com ternura.
Se peco em tudo que faço,
Tudo o perdão de Deus cura.
Rogo que te dê saúde,
E paz na alma amiúde,
E que a faça boa e pura.
A passagem neste mundo
É ilusão colorida.
Não te iluda um só segundo
Os rebuliços da vida.
Há males que vêm p’ra bem,
E bens p’ra desgraça vêm;
Sem Deu a vida é sofrida.
Para Lucas Nuri e Nura Beust
Campinas 24 de novembro de 2018
Nura! quem és? quem serás?
Eu desconheço o destino;
Não sou sábio nem sagaz,
Mas ouço no céu um hino!
Vento frio soprou do Oeste
No dia em que tu vieste.
Foi dia frio e encoberto,
Com aconchego de inverno.
E está tudo bom e certo,
Pois teu Deus é bom e terno.
E veio a bênção celeste
No dia em que tu vieste.
Agora somente choras,
Mas aprenderás a rir.
Repara o passar das horas:
Se há sombra, luz há de vir.
Vento embalava o cipreste
No dia em que tu vieste.
Para Nura Malekhzadeh Beust
Campinas, 03 de agosto de 2019
Demoraste muito a vir,
Mas finalmente vieste.
Que te reserva o porvir?
O amor e a guia celeste.
Tu és, da vida, um troféu,
És um presente do céu,
Que de ternura te veste.
Vem serena, vem com calma,
Pois viver é perigoso.
Terás fé e força e alma,
E um destino bem ditoso.
Faz tanto frio nestes dias!
Mas trouxeste as alegrias
Que alumbram o céu brumoso.
Sopra um vento frio lá fora,
E já pus o cachecol.
Escurece hora a hora
E há muito fugiu o sol.
Mas em ti a vida brilha,
Pois és canela e baunilha,
És avenca e girassol.
Para Nura Malekhzadeh Beust
Campinas, 04 de agosto de 2019
Não nasceu quando nasceste
O poema que aqui vai,
Mas há amor também neste
Que tão atrasado sai.
E se tu nasceste outrora,
O poema nasce agora:
Tu és a mãe e eu, o pai.
Foste p’ra longe; sumiste...
Nós ficamos por aqui.
Entre nós, distância triste
E uma saudade de ti.
E este poema é saudoso,
E vai nascendo, zeloso,
E diz: “Melissa, nasci!”
Sejam, teus dias, felizes!
Seja, tua vida, ditosa!
De Washington, que me dizes?
É uma vida washingtosa?
Serve tanto quanto possas;
P’ra isso são as vidas nossas;
Que te guie a Luz bondosa...
Para Melissa Zaman
Campinas, 04 de agosto de 2019
Nura! nasceste guerreira!
Não foi fácil teu começo.
Foste ali, ali, na beira
Onde é fatal o tropeço.
Mas hás de voltar bem forte,
Adiando por certo a morte.
(E eu oro, e peço, e agradeço.)
Nura! Mostra ao que vieste!
Quem cedo resiste ao mal
Pode enfrentar qualquer teste.
Tua alma é de cristal,
E o traspassa a Luz divina.
Não te assombre a tua sina:
Que se pode o teu rosal.
Os golpes duros da poda
Multiplicarão as rosas.
A provação incomoda,
Mas as rosas são cheirosas.
Ergue-te! levanta e mostra
Que a guerreira só se prostra
Louvando as graças bondosas.
Para Nura Malekhzadeh Beust
Campinas, 06 de agosto de 2019
Vieste guerreira, Nura!
Guerreando entre a vida e a morte.
Tens a alma bela e pura
Qualquer que te seja a sorte.
Te queremos junto a nós,
Depois da aflição atroz;
Que a paz de Deus te conforte.
Luta, pequena! Vai! Luta!
Pois já és protagonista
Nesta tremenda disputa
Que pior não há que exista.
Toma a mão do teu Senhor
E segue-O por onde for;
Ele é quem melhor te assista.
Estamos todos contigo,
Em súplica, em oração.
P’ra que o verdadeiro Amigo
Te conduza pela mão.
Onde quer que Ele te leve
Tua vida será leve;
Será lá tua missão.
Para Nura Malekhzadeh Beust
Campinas, 07 de agosto de 2019
Vem, que o bem-te-vi te chama!
O inverno ficou ameno
Para mostrar que te ama.
Mostra teu rosto pequeno,
Que apesar das trovoadas,
Dos ventos e das geadas,
É vitorioso e sereno.
Vem, pequenina! Oh! Vem!
O manacá te convida!
Vem recolher todo o bem
Que bem te reserva a vida.
Nesta jornada da alma,
Quem suporta ganha a palma!
Tu suportaste, querida!
Vem, Pequenura, vem, vem!
Os vaga-lumes te chamam,
E esse regato ali tem
Águas doces que te clamam:
Fica conosco, pequena!
Pois a vida é boa e amena
P’ros que a Deus de fato amam.
Para Nura Malekhzadeh Beust
Campinas, 14 de agosto de 2019
Livia, Livia — abelhinha!
Vais de flor em flor, faceira!
A vida nem adivinha
O que aprontarás, arteira!
E qual será tua farra?
Empinar pipa e cigarra?
Soltar o cão da coleira?
Livia, Livia, buliçosa!
Com asinhas de Cupido!
És bela, és ágil, formosa,
Qual belo campo florido.
Vais fazer a estripulia
Que teu pai sempre fazia?
(Que maroto era o sabido!)
Ah! Livia! Foste a primeira
De mil gerações benditas!
És amorosa e ligeira,
E o teu cabelinho agitas.
Amas os livros, pequena!
Ver-te lendo é doce cena!
(Tens mil grandezas preditas.)
Para Livia Vieira Beust
Campinas, 15 de agosto de 2019
Olha, Lucas, olha ali!
Passou bela borboleta;
Azul como o céu daqui.
E um anjo toca corneta
Avisando que chegaste,
E que o mal todo se afaste
Deste guri espoleta.
Um futuro dos amenos
É o que a ti convém, querido.
Teus olhos miram, serenos,
O bem que terás, crescido.
Será que aprontarás, Lucas,
As aventuras malucas
De teu pai? Olha, eu duvido!
Eu te amor! Agora, velho,
Esquadrinho o teu futuro:
Escreverás Evangelho?
Tornarás o mundo puro?
Sei que há muito bem guardado,
Que aos poucos te será dado.
(O anjo disse amém! Eu juro!)
Para Lucal Nuri Vieira Beust
Campinas, 15 de agosto de 2019
A distância esconde o pranto
Dos dois lados do oceano.
E cobre com negro manto
Um suspiro quase insano.
Bem como a noite, a distância
Faz nascer o medo e a ânsia
E todo o erro que é profano.
Sim, há risos nestas fotos,
Mas, e os sons que lhes dão vida?
São súplicas de devotos
Sem ter a prece atendida.
A imagem e o som se juntam
Nos vídeos, sem que consintam
Ver o antes e o depois da lida.
Mas, que fazer, se estou longe,
Neste país bem remoto?
Oro qual piedoso monge,
Que no ermo se faz devoto.
E sem ter como abraçar,
Fazer cafuné e beijar,
Amo vocês por vídeo e foto...
Para André, Thayline, Livia e Lucas Beust
Campinas, 14 de setembro de 2019
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